Quem é mesmo contra a Cultura?

24/07/2009 at 13:48

Do ultra-PeTista Oldack Miranda:

O Caderno 2 do jornal A Tarde (terça, 21 de julho) divulga uma informação surpreendente. Como forma de incentivo cultural, há 40 anos o IPTU do Teatro Vila Velha não era cobrado. Pois agora o prefeito João Henrique, do PMDB, acaba de suspender o incentivo. Não ouvi nenhum artista daquele grupo que ataca o secretário da Cultura, Márcio Meirelles, se manifestar. O Teatro Vila Velha, de utilidade pública, completa 45 anos neste 31 de julho. Não merecia este presente de grego do prefeito de Salvador.

(…)

É o teatro que mais produz na Bahia. Entre janeiro e junho deste ano, por exemplo, foram 150 dias de atividades, 93 espetáculos, 236 apresentações, 23.318 espectadores e 52 atividades de capacitação artística

A sabotagem do prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) é muito grave para a cultura, de Salvador e da Bahia.

É isso: além de fechar o único teatro público municipal de Salvador, João Henrique quer forçar o fechamento do maior teatro privado do Nordeste – enquanto chora ao lado de Aninha Franco pelo fechamento do Teatro XVIII, para o qual ele não tomou nenhuma atitude para que não fechasse. Deveria ser crime de lesa-pátria, visto que do Vila sairam de Caetano Veloso e Glauber Rocha a Lázaro Ramos.

Tenho uma teoria conspiratória: o discurso de Aninha é orquestrado com práticas de Geddel Vieira Lima, através de seu poste João Henrique Carneiro, para criar ou inflar uma suposta “crise na Cultura”. Cujo ônus cairia inteiro sobre os ombros de Márcio Meirelles, Secretário Estadual de Cultura.

Sei que disse esta semana que nem Aninha Franco nem João Henrique valiam a pena ser discutidos mais, politicamente: a primeira porque encarnou a Cassandra de Hospício, o segundo porque virou personagem de comédia pastelão – e não dá pra se levar a sério essas coisas. Mas, na prática, a discussão é necessária já que, na prática, me atinge como consumidor cultural, como crítico, e como eventualmente amigo e conviva de muita gente que faz a cultura na Bahia acontecer, e que tem tido a vida mais fácil e profícua com as atuais políticas do governo estadual – e com o Vila Velha desde sempre.

O bom disso tudo é que fica claro que Seo Márcio conseguiu o que parecia impossível: colocar a Cultura no centro da questão político-eleitoral que se aproxima. E mais: que ele é, como o resto do Governo Wagner, atacado mais pelos seus acertos (que são muitos) do que por seus erros (que não são poucos).

Em tempo: Não acho que Aninha Franco seja carlista, de direita, ou algo assim. Ela é francamente à esquerda – e negar isso seria não ter frequentado o XVIII por quase década e mais. Acho que ela está fazendo o papel de Heloísa Helena nagô: tão à esquerda, que (num gráfico em ferradura) serve à direita.